“Você já teve alguma relação homossexual?” – Que tenha abalado as estruturas, não.

25 julho, 2007


  (como eu vivi sem essa notícia, minha gente? da revista Quem)

“Sou tão importante quanto a Bossa Nova, a Tropicália, a Jovem Guarda”

Raimundo Fagner – que acaba de lançar seu 34o CD, Fortaleza –, fala a quem sobre seu lugar na música brasileira e seus desafetos e declara-se sexualmente libertário

POR VALMIR MORATELLI

O cantor Raimundo Fagner adora falar – e distribuir declarações polêmicas. ‘Minha arma é a palavra’, garante ele, que, aos 58 anos, considera-se ‘a figura mais revolucionária da música do país’. Na esteira do lançamento de seu 34o CD, Fortaleza, que acaba de chegar às lojas, ele recebeu QUEM para uma conversa em que falou de seus desafetos, emitiu opiniões políticas e declarou que já amou homens e mulheres.

QUEM: Você já foi chamado por um crítico de ‘megalomaníaco’. O que acha disso?
RAIMUNDO FAGNER:
Minha melhor defesa é o contra-ataque. Não sou megalomaníaco. Jogo frase de efeito para encher o saco, para falar das sacanagens que fazem comigo, para f*** mesmo. Só dei porrada uma vez, num jornalista que escreveu um artigo dizendo que nem minha mãezinha iria gostar do meu disco. Meteu minha mãe no meio e depois ainda veio atrás de uma entrevista! Eu não tinha ligado o nome à pessoa, mas, quando o vi na minha casa, mandei que ele socasse a página do jornal naquele lugar. Mas nunca fui de briga. Minha arma é a palavra. Só brigo com gente grande.

QUEM: Quem seria essa ‘gente grande’?
RF:
Diretores, empresários, pessoas da Globo, alguns artistas… Não vou citar nomes. Tem um pessoal que me persegue silenciosamente, tenta me bloquear. Mas tenho meu espaço. O artista vive do público.

QUEM: Quando tentaram bloquear você?
RF:
Nos anos 80, fui boicotado na Globo porque me irritei com um especial sobre o Luiz Gonzaga, para o qual não chamaram artistas nordestinos. A Elba Ramalho, na época, me disse que eu tinha muita coragem. Em outro momento, falei que era absurdo a novela Tropicaliente, gravada no Ceará, não ter trilha sonora nordestina. Chamei o Paulo Ubiratan (diretor da novela) e perguntei por que só tinha música do Caribe na trama, porra! A novela foi bancada pelo governo e colocaram carioca para imitar sotaque nordestino. Era um equívoco cultural.

QUEM: Apesar disso, suas canções aparecem nas trilhas das novelas da Globo.
RF:
Sim, mas nem por isso tenho que concordar com a visão caricata que fazem do país. Para a Globo, a trilha sonora do Brasil é a bossa nova do Rio. Não há quem agüente! A obra de Tom Jobim é revirada diversas vezes todo ano, em qualquer horário. O Brasil não é o Tom Jobim.

QUEM: Você já disse que o problema do Caetano é o ego baiano. Não se acha egocêntrico também?
RF:
Aprendi na infância que baiano não nasce, estréia. Eu não sou egocêntrico. Isso não é coisa de cearense (risos). Não me lembro de nenhum que seja assim.

QUEM: Nem Chico Anysio, Tom Cavalcante, Renato Aragão?
RF:
Chico e Tom têm o ‘ego global’, brigam para ver quem aparece mais. De vez em quando, chamo o Tom e o mando baixar a bola.

‘Sexo é diferente de amor. É uma coisa livre. Entre homens e mulheres, prefiro as mulheres. Mas das boas.’

QUEM: Qual é a importância do seu trabalho para a MPB?
RF:
Sou a figura mais revolucionária da música do país. Sou tão importante quanto a Bossa Nova, a Tropicália e a Jovem Guarda. Como dizia o Ronaldo Bôscoli: ‘Esse Fagner é Voda’. Sou como uma artéria solta do Rio Jaguaribe: invadi novas áreas, cheguei com canções de boa qualidade, boa poesia e verdade. Fui mais agregador do que a panelinha dos baianos. Aquilo era uma turma. Bethânia só elogia Caetano, que só elogia Gil, que só elogia Gal. E todos eles se odeiam! O movimento Fagner foi mais agregador: trouxe Elba Ramalho, Zé Ramalho, Amelinha, Alceu Valença…

QUEM: Por falar em ódio, Lula foi vaiado na abertura dos Jogos Pan-Americanos, no Maracanã. Acha que as vaias foram justas?
RF:
Não achei justas, porque era uma festa do esporte. Mas aquilo foi sintomático e só poderia vir do Rio de Janeiro, que tem o povo mais irreverente do país. Lula está se achando o rei da cocada. É como levar caixão de defunto. Os carregadores vão se revezando nas alças, para não cansar ninguém. Mas tem uma hora em que o rodízio não basta. A alça do Lula está pesando demais.

QUEM: Como é seu envolvimento com a política?
RF:
Tem nego no Ceará que fala: ‘Fagner é um deputado sem mandato’. Aproveito o meu contato com políticos para cobrar. Não tenho rabo preso. Não sou contra artistas que fazem comícios, desde que não ganhem nada em troca. Já fiz muito show para político, mas nunca cobrei. Fiz porque acreditava na proposta. Zezé Di Camargo fechou com o PT na eleição passada. Deve ter sido um trabalho muito bem pago. Não sei se ali uma mão lavou a outra ou uma mão sujou a outra (risos).

QUEM: A socialite carioca Lilibeth Monteiro de Carvalho foi a única famosa com a qual você se envolveu (eles namoraram em 1993). Você prefere as anônimas?
RF:
Lilibeth é uma mulher poderosa. Mas manter um relacionamento com uma pessoa famosa é complicado. É difícil com qualquer pessoa, mas, sendo artista, com agenda de viagens, shows, não tem paixão que resista.

QUEM: Por que preferiu não se casar?
RF:
Quando eu quis, não rolou. Hoje, dou graças a Deus, era muito jovem. Fui ficando mais obstinado pelo trabalho, que coloquei como prioridade na vida. Adoro ter minha liberdade. Tive vários casos de amor. Dizem até que tenho filhos espalhados por aí. Estou esperando alguém pedir DNA (risos).

QUEM: Já se envolveu com fãs?
RF:
Cheguei a me envolver e não foi legal. É confuso dormir com uma pessoa que parece legal e acordar com uma fã no dia seguinte. É uma zona perigosa. A situação mais incrível que aconteceu com um fã foi quando estava cantando no Canecão, há dez anos. Estava de olhos fechados e um homem subiu no palco e me deu um beijo na boca. Vejo esse tipo de assédio masculino como uma coisa natural. É um sentimento como qualquer outro.

QUEM: Você já teve alguma relação homossexual?
RF:
Que tenha me abalado as estruturas, não.

QUEM: Como assim? Foi um amor platônico?
RF:
Não, não. Gosto de colocar em prática as minhas idéias.

QUEM: Então já se envolveu com homens?
RF:
O que eu digo é que nunca me aconteceu uma relação desse tipo que pudesse gerar alguma coisa para valer, que valha a pena dizer. Faltou oportunidade, mas, se um dia acontecer… Ninguém sabe o amanhã. Não estou fechado para nada que a vida reserva. Não vou falar ‘não pode’. Deixa rolar.

QUEM: Então, pelo que acaba de contar, você é bissexual?
RF:
Não gosto dessas denominações. Sexo é diferente de amor. É uma coisa livre. Se for para acontecer, que seja assim. Entre homens e mulheres, prefiro mulheres. Mas das boas. É como aquela frase: ‘Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental’.

QUEM: Não é contraditório um compositor que fala de amor viver sozinho?
RF:
Sou um homem que amei bastante todo tipo de pessoa. Agora, amor é complemento do sexo. Quando o sexo não vai bem, termina o amor. E toda forma de amor vale a pena. Sei tanto dar quanto receber. Mesmo estando sozinho, tenho uma vida amorosa rica.

QUEM: Está namorando, então?
RF:
Tenho namorado bastante. Estou tentando a sorte com uma pessoa.

QUEM: Homem ou mulher?
RF:
Aí, não. Você já quer saber demais. Não pode, não.

FOTO: DARYAN DORNELLES

8 Responses to ““Você já teve alguma relação homossexual?” – Que tenha abalado as estruturas, não.”

  1. Adriano Says:

    É como já dizia a música… “Amar é um deserto e seu amores”…

    Ou algo assim…
    Péra, isso não é Fagner?

    Acho que tô bêbado… :$

  2. Gonzo Says:

    Como diria Ivete, “abalou, sacudiu, balançou”.

    Mas se eu fosse da Quem, contratava a Kátia de editora. A manchete dela dá um pau na manchete original da entrevista.

  3. katianogueira Says:

    hahahaha
    brigada, gonzo.

  4. elaine Says:

    esse curte o Zico, todo mundo tah ligado.

  5. katianogueira Says:

    hahahaha
    como assim “O Zico”?

  6. Ledis Carmona Says:

    O Fagner é padrinho dos 3 filhos do Zico.
    Tirem vocês as suas conclusões.

    Com certeza o Zico já recebeu do Fagner e vice-verça.

    A vida é deles, não é problema de ninguém.

  7. daninha Says:

    Tô chocada!!! Bem…niguém tem nada a ver com a vida de niguém…mas tava na cara. Mas acho que a fila andou prestem atenção…Que pena um homem tão bonito, mesmo coroa…

  8. negao Says:

    quanto vazio em comentários,, o cara ja disse que deixa rolar,,mas prefere as mulheres e não as feias,, acrescento as mal amadas,,,triste esse tititi de fundo de boteco em final de madrugada,,


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